quarta-feira, 30 de março de 2016

Artigo muito interessante de Gladis Costa: Conheça a Persona Buyer de seu Cliente.

Conheça a Persona Buyer de seu Cliente para Vender Mais!








Gladis Costa

“Uma amizade criada nos negócios é melhor do que negócios criados na amizade” 
John Davison Rockefeller, investidor e filantropo americano

 Conversando algum tempo atrás com Matheus Terra, da PTC, profissional com sólida vivência na área de negócios, perguntei qual era o segredo do sucesso. “Não existem segredos”, ele respondeu, “mas algumas práticas que, bem aplicadas, aumentam as chances de se tornarem histórias de sucesso”, ou seja: “negócio fechado”.
O que Mateus ensina não são técnicas apenas para a área de TI, na qual atua, mas técnicas que podem ser utilizadas em qualquer segmento, pois todo mundo vende algo o tempo todo – uma ideia, uma estratégia, um produto ou uma causa. Basicamente, somos vendedores full-time.

Estratégia e Operações
Matheus explica que podemos analisar o cliente a partir de duas perspectivas distintas, mas igualmente importantes. A primeira é a operacional. Se a oferta do produto ficar confinada neste ambiente, as chances de se tornar um negócio viável são pequenas, isso porque a proposta pode não chegar ao nível estratégico, que tem o poder de decisão. É como um vendedor apresentando um carro para um jovem de 18 anos. Por mais que o jovem se sinta atraído e que o carro seja objeto de seu desejo, essa venda pode não ser realizada porque o jovem não tem poder de compra. Ele sabe o que carro é bom, recomenda, adora, mas não tem a verba. Como se diz no jargão de vendas, “não assina o cheque”.
Já o nível estratégico, que precisa conjugar as iniciativas de aquisição de produtos aos objetivos estratégicos da empresa, tem desafios e prioridades e será cobrado por isto. Ele não pensa só no presente, mas quanto o investimento impactará nas necessidades do negócio. Quanto antes o profissional de negócios interagir com os profissionais deste ambiente, entender a estratégia de negócios da empresa, compreender as esferas de poder ou quem é quem na linha de comando, muito melhor. Ele precisa ter uma ideia de como funciona o processo de decisão, o tempo de maturação de projetos e como a empresa opera como um todo. São níveis de interação que precisam ser considerados durante todo o ciclo de vendas.
Engajamento
De acordo com o Matheus, o processo de TI – como qualquer outro - requer um sponsor - alguém que tenha interesse no projeto e força política para fazer acontecer. Às vezes o sponsor  é o principal executivo da empresa, mas pode ser um gerente. Ele agrega força e relevância e pode defender a aquisição do produto, porém, estabelecer uma rede de contatos e manter com ela um relacionamento consistente é uma boa estratégia. Isto não significa ligar todo dia para fazer um simples follow up, mas enviar informação relevante, convidar para ações estratégicas e valiosas. É preciso agregar valor. A venda é consequência de um relacionamento de confiança.
Outro ponto que ele destaca é a postura que adotamos mediante determinadas hierarquias. Nossos comandos internos às vezes nos impedem de ligar para o CEO ou o diretor, simplesmente porque pré-conceitos como “ele não vai me atender”, ou “ele deve estar muito ocupado” criam uma barreira quase intransponível, ainda que muitas vezes tais limites só existam dentro de nós mesmos.

Persona Buyer
Basicamente transitar entre o nível operacional e estratégico tem a ver com o fato de conhecer as “personas buyers”, prospects que tem perfis similares e que estão inseridos numa jornada de compra (buyer´s journey). Elas podem estar em níveis diferentes de maturação - reconhecimento do problema, análise & consideração e decisão - e é baseado no estágio desta jornada que o conteúdo deve ser desenvolvido e apresentado, pois cada prospect requer um tipo de informação - pode ser relativa à sua marca, produto, mercado, indústria, demonstrações, solicitação de benchmarks, webcasts  e cases de sucesso, para citar algumas formas. Não dá para falar com todo o mercado, ao mesmo tempo, sobre o mesmo assunto. Conteúdo relevante e adequado é tudo o que uma empresa precisa para falar com o público certo, no momento em que ele quer receber a informação. É preciso atrair e não disseminar informação sem estratégia. Tempo é dinheiro: premissa válida para os dois lados da mesa.
Conhecer a persona buyer - e suas demandas - leva tempo, mas aumenta exponencialmente as chances de sucesso. Empresas não compram, pessoas compram. Conheça seu público e ofereça (só) o que ele estiver procurando. 
Business is all about people! Richard Branson, fundador do grupo Virgin

Fonte: http://www.baguete.com.br/colunas/gladis-costa/13/03/2016/conheca-a-persona-buyer-de-seu-cliente-para-vender-mais


terça-feira, 29 de março de 2016

Entrevista com o jovem cientista Luiz "Hendrix" Hendrischky

O jovem cientista Luiz Guilherme Hendrischky, 23 anos, nascido no Rio de Janeiro e residente em São Leopoldo há 8 anos, torcedor do Flamengo, tem um sonho: ver sua área, a biomedicina, bombar no Brasil.

Ele conquistou a oportunidade de estudar durante 18 meses na State University of New York at Plattsburgh, NY e na Harvard Medical Schools em Boston, MA, pelo programa Ciência sem Fronteiras, no ano de 2014.

A seguir entrevista que ele gentilmente concedeu a este blog, compartilhando um pouco dessa experiência fantástica que viveu.


Blog: Com relação à tua experiência de estudar em outro país, o que mais te chamou a atenção na cultura dos estudantes estadunidenses? Como eles pensam com relação ao futuro?

Luiz Guilherme: Os estudantes norte-americanos possuem uma mentalidade totalmente diferente da que vemos nos estudantes brasileiros. Desde pequeno eles sofrem "pressão" para serem bem-sucedidos arrumando bons empregos. Muitas pessoas não sabem, mas para um americano conseguir uma vaga em uma universidade é sempre uma grande vitória. O porquê disso é que não existe ensino superior público! Todas as universidades são pagas. Então, desde pequeno a família faz uma poupança para quando chegar a hora de o filho entrar no ensino superior. A maioria dos americanos que conheci foca todos os esforços em arrumar um emprego ao se formarem. É um pouco difícil ver pessoas que pretendem fazer Mestrado/Doutorado; na maioria das vezes, essa opção só se torna disponível quando eles não conseguem emprego (e também não é garantido que eles consigam entrar em um programa de PhD, em que há uma seleção muito rigorosa). Essa "fome" de conseguir um emprego foi o que mais me chamou atenção na cultura dos estudantes.

Blog: Na tua visão, o que a nossa sociedade tem a aprender com a dos Estados Unidos? E o que nós temos a ensiná-los como sociedade?

Luiz Guilherme: A sociedade americana é, na maioria das vezes, fria em relação a contatos pessoais. Eles são reservados, gostam de ficar com a família e pessoas mais próximas. Talvez venha daí a fama de que o americano é "seco". Mas é cultural, devemos respeitar! Agora, o que eles têm de "secos", eles têm de EDUCADOS. Eles sabem falar "por favor", "desculpa", com licença"... às vezes até demais! As ruas são limpas, as estradas asfaltadas e tudo funciona. O que precisamos aprender com os EUA é fazer com que o nosso sistema (governo, prefeituras, políticos etc.) funcione. Que as leis sejam aplicadas em todas as situações, que os políticos não sejam corrompidos e criem projetos para melhorar o país, que tenha investimento em todos os níveis do Brasil. A gente precisa de um país produtivo e de um povo que consiga os seus direitos básicos sem se preocupar. Talvez o que nós podemos ensiná-los como sociedade é lembrá-los de que existe um mundo fora dos EUA. A maioria não sabe da existência de outros lugares (não há muito interesse), deveriam se interessar um pouco mais por outros países. 

Blog: O que tu gostarias de ter sabido ANTES de ter ido estudar no exterior? Que diferença teria feito?

Luiz Guilherme: Que eu seria TOTALMENTE INDEPENDENTE, que não deveria contar com a ajuda de ninguém se precisasse. Talvez teria me preparado mais psicologicamente para viver sozinho. Mas isso teve os seus pontos positivos: consegui me virar com todos os problemas que apareceram e amadureci muito.

Blog: Como está o mercado brasileiro na tua área e quais as perspectivas?

Luiz Guilherme: O mercado brasileiro na Biomedicina está crescendo. A profissão possui mais de 35 áreas diferentes de atuação, basta escolher o caminho mais adequado para cada um. Pretendo seguir na área de pesquisa e, infelizmente, não está muito promissor. As bolsas são baixas e o investimento também! Espero que isso mude com o tempo. Temos incríveis cientistas no Brasil, eles só precisam de INVESTIMENTO para conseguirem produzir. Meu objetivo é fazer meu Doutorado nos EUA, de preferência em Harvard.

Blog: Como tu comparas Brasil e Estados Unidos, no teu campo?

Luiz Guilherme: Para minha área, ir para os EUA é o sonho da maioria. Lá você encontra os melhores laboratórios, muito investimento (inclusive de empresas privadas) e as tecnologias mais novas. Sem dúvidas, lá é extremamente superior ao Brasil.

Blog: Na tua visão, onde devem ser feitos investimentos para que o Brasil seja uma referência mundial no campo da biomedicina?

Luiz Guilherme: Precisamos de investimento em todas as bases da ciência brasileira. O que me fascina na Biomedicina é que podemos trabalhar em várias áreas e com diferentes profissionais. Acredito que se houver investimento para todos que fazem ciência, a classe inteira irá se beneficiar e, assim, poderá haver troca de conhecimento, de técnicas e ajuda.

Blog: Comentários finais, se quiseres.

Luiz Guilherme: Gostaria de agradecer a você, Armando, por me entrevistar. Gostei muito de responder todas as perguntas! E convido todos à conhecerem meu canal no YouTube, "Luiz Hendrix" (www.youtube.com/luizhendrix).


Outros meios de conferir a presença digital do Luiz Guilherme:
www.facebook.com/hendrixluiz
www.facebook.com/VidaDeBiomedico



segunda-feira, 28 de março de 2016

Scientia in vino

Foi desenvolvida uma tecnologia para manter o vinho com suas características inalteradas por até 30 dias. É uma "garrafa eletrônica" construída com sensores diversos e até WiFi, que acondiciona a garrafa de vidro do vinho a ser consumido e mantém o produto fresco. A solução ainda promete interatividade com o usuário por uma tela sensível ao toque, para compras on-line e outros serviços.

Muito interessante, mas só para quem abre o vinho e não toma a garrafa toda até o fim, na minha opinião.

Fonte: http://www.kuvee.com/


quinta-feira, 24 de março de 2016

O Boitatá do Ibirapuera

Para relaxar, em véspera de feriadão e em plena Semana Santa, compartilho um conto de minha autoria.



O Boitatá do Ibirapuera

Questões profissionais me levaram a morar cerca de um ano em São Paulo, em certa época da minha vida. Vivia em um flat na Consolação, a mais ou menos umas 3 quadras da Paulista em direção à Oscar Freire. Era uma localização bastante favorável em dias de semana, com taxis abundantes e, sendo perto da Paulista, então, era uma barbada. Sempre gostei de caminhar, então essa conjunção de fatores fez com que eu me tornasse um andarilho, fazia quase todos os meus itinerários a pé.

Inclusive, vencendo o medo de ser esmagado pela turba, de me perder na cidade, essas bobagens que nos são incutidas pelos telejornais, aprendi a andar de metrô. À exceção de Porto Alegre, onde mesmo sem saber nada ainda te sobra 50% de chance de pegar o trem para o destino correto, aprender a usar o metrô em São Paulo requer o mesmo processo de quem tem que pegar o metrô em Nova Iorque, Tóquio, Rio ou outra metrópole: no começo tu tens que ter um mapa das linhas e estações e anotar onde embarcas, onde fazes as transferências e onde desces. Eu, como engenheiro, não apenas estudei, mas fiz um verdadeiro tratado das linhas do metrô de São Paulo. Estudei tudo mesmo. E, com meu projeto dentro do celular, eu aprendi a me deslocar para qualquer ponto da cidade, até mesmo às regiões periféricas.

Eu esnobava. Definia minhas agendas para estar na rua horários de pouco movimento e cruzava a cidade de ponta a ponta em tempo recorde. Sentia-me, não, eu ERA um mestre das trilhas urbanas. Até informação para os habitantes locais eu comecei a dar, na rua, quando solicitado (o que passou a ocorrer com frequência, dada minha aparência de sabedor de todos os segredos da cidade).
Confiante nas minhas habilidades de ninja da selva de concreto, comecei a ousar cada vez mais. Aos finais de semana, desenhava traçados inusitados para caminhar a pé e, pondo-os em prática, conhecia cada vez mais da cidade e de seus detalhes, mazelas, mistérios e surpresas. Retornava à minha base exausto, porém feliz e orgulhoso dos meus feitos.

Certo domingo decidi empreitar a mais radical jornada que eu poderia pensar: um roteiro a pé partindo da minha residência pela manhã em direção à Praça da República, de lá ao bairro da Liberdade para almoçar, descer ao Ibirapuera para passar a tarde e, finalmente retornar para casa ao cair da noite, planejando caminhar na volta por entre as mansões nas imediações entre as ruas Estados Unidos e Brasil, passando é claro pela Oscar Freire. O dia estava ensolarado e era pleno verão. Experiente e vivido que me considerava, nem dei bola para calcular distâncias, dei uma olhada rápida no Google Maps, botei os tênis e ganhei as ruas. Para quem ia a pé do Parcão à Redenção só por preguiça de tirar o carro da garagem, aquilo seria moleza.

Na primeira perna na viagem, cujo destino era a República, decidi ir pela Augusta, curtindo a paisagem alternativa e os rescaldos da noitada anterior que, por ter sido sábado, foi fortíssima na região. Ainda havia pessoas na vibração da balada, alguns finalizando, outros já dormindo na calçada mesmo, e muitos ainda bebendo e festejando. Essa é a boemia de Sampa, só vendo (e vivenciando de leve, uma que outra vez) para compreender.

Uma hora depois, chegando na República, fui direto à Galeria do Rock que, por ser domingo, descobri estar fechada. Pena. Sem descansar, ajustei meu azimute para seguir viagem à região da Liberdade.

Confesso que esse novo trajeto me apresentou desafios maiores, tendo em vista que há muitos locais na cidade que não foram desenhados para pedestres. As manobras necessárias, as escolhas entre um caminho ou outro, retornos, impedimentos e outros contratempos – fora o temor constante de ser assaltado em determinados pontos desertos àquela hora – me deixaram bastante cansado.

Cheguei no centrinho da Liberdade à hora do almoço. Excelente, eu estava faminto e morto de tanto caminhar. Escolhi um restaurante (oriental, é óbvio) ao acaso, pela aparência. Tinha uma moça na porta entregando folhetos, perguntei a ela sobre preço e pratos, achei as respostas convenientes e ali me abanquei. Era um bufê honesto, aparentemente; ar condicionado forte. Tinha um guioza com um sabor bem peculiar, um tanto picante, gostei e comi vários. Poucas pessoas almoçando ali, ao menos naquela hora.

Já com o bandulho cheio, peguei uma garrafa de água gelada e retomei meu caminho, agora com destino ao parque do Ibirapuera, onde planejava curtir o seu ambiente agradável. Para tornar minha odisseia mais fácil, decidi caminhar até a Brigadeiro Luis Antônio e de lá seguir reto até o destino final, assim evitando os contratempos que tive na etapa anterior. A tarde estava quente e isso tornava a caminhada mais pesada, mas eu seguia adiante com alegria por saber que o pior da jornada já havia passado. Caminhando e pensando.
Na altura do cruzamento com a Paulista, percebi que tinha alguma coisa errada com meu corpo. Sentia-me fraco, exausto, sem forças e com uma dorzinha de barriga fraca, mas chata. Prossegui com sofrimento. Parei numa esquina, dei uma olhada no mapa no celular, ainda estava longe. Vou pegar um taxi e ir para casa, pensei. Tomei um gole da água, mas estava quente e isso piorou minhas sensações de prostração. A dor aumentava, agora com convulsões nas tripas.
Sentei numa mureta à sombra para respirar um pouco e pensar. Cheguei a lembrar do guioza apimentado, mas por que eu fui comer tanto, precisava comer cinco guiozas? Uns dez minutos depois, tive a sensação de ter melhorado um pouco e isso me animou a seguir em frente a pé mesmo.

Pura ilusão. Eu praticamente rastejava pela longa avenida.

Nas proximidades do parque fui obrigado a acelerar, por pior que fosse o sacrifício, em função das dores que eu sentia. Eu precisava ir ao banheiro urgente, em no máximo trinta segundos iria eclodir uma catástrofe e eu ficaria todo pintado de bosta da cintura para baixo. Restaurante de merda, amanhã vou voltar lá, quebrar tudo e obrigar a guria dos folhetos a comer vinte daqueles guiozas estragados, quero que ela cague as tripas, exatamente o que vai acontecer comigo em poucos segundos.

Não sei como, consegui evitar o pior e encontrei um banheiro químico instalado em uma das entradas do Ibirapuera. Era sujo, fedorento, asqueroso, precário, porém maravilhoso.

Resolvida a minha urgência de forma minimamente digna, adentrei ao território do parque e comecei a andar por uma das diversas vias, sem rumo certo, apreciando a paisagem. Foi uma questão de minutos para meu mal-estar retornar, agora sob a forma de uma forte tontura. Cambaleante, esbarrando nas pessoas, que me olhavam e diziam coisas sobre eu ter bebido demais, busquei sair daquele caminho atulhado de gente e entrei em uma alameda deserta com farta vegetação ao redor. Caminhei mais uns dez metros e sentei, não, caí debaixo de uma árvore. Vou descansar um pouco aqui. É evidente que termina aqui minha expedição, assim que estiver em condições de me colocar de pé novamente, pegarei um taxi direto para casa. Eu pensava em tudo isso, arfava e dentro da minha cabeça o mundo girava e zunia. O calor à sombra era mortal.
Peguei no sono ali mesmo.

Despertei na mesma exata posição corporal, mas sentindo-me totalmente recuperado. Meu susto agora foi outro: tudo escuro ao meu redor. Olhei no relógio, eram três da madrugada. Celular sem bateria. Puta que pariu, dormi demais, que perigo, ninguém me viu aqui, ou se viu não me acordou, podiam ter me matado, e agora, será que tem alguém aí, o que vou fazer a uma hora dessas, vou olhar em volta, ficar quieto, não quero ser assaltado e morto, e nem tomar um tiro, talvez seja melhor eu ficar aqui até que o dia amanheça, são só mais três horas...

Onde eu estava era um breu, mas eu enxergava alguns postes de luz ao longe. No entorno o silêncio era cortado só pelo balanço das árvores ao vento e por algum pássaro. Não via viva alma, talvez só houvesse as almas penadas. Pensei muito em me deslocar para a borda do parque e procurar alguma saída, mas sair do Ibirapuera àquela hora? Para ser assaltado na rua?
Resolvi ficar por ali mesmo, sentado, vigilante. Fui me acalmando, me acalmando... afinal, eu era o mestre das veredas da selva de pedra, o Tarzan do asfalto, nascido em Porto Alegre e criado no interior do Rio Grande do Sul... nada iria me pegar ali desprevenido. Fiquei tão sereno que cheguei a cochilar por um breve tempo.

Em uma das vezes em que abri os olhos para vigiar o entorno, reparei numa luz distante que se movia devagar. Não era poste de iluminação, poderia ser um carro. Ou uma moto. Onde está o barulho do motor? O engraçado é que a luz se movia devagar dentro da mata. Às vezes desaparecia por de trás de um tronco ou moita, para surgir novamente, mais próxima de mim. É um vigilante do parque com uma lanterna na mão, pensei. Mas por enquanto não vou me anunciar, deixa eu ter certeza. Fiquei mudo, sem respirar, completamente abaixado e oculto pelas plantas em volta de mim. E a coisa da luz chegando e chegando cada vez mais próxima. Em dado momento, pela proximidade, tive a impressão de ver a luz serpentear, mas não dei muita bola para isso. Quando a coisa chegou à beira da margem oposta do laguinho que estava a uns cinquenta metros à minha frente, senti-me seguro de apostar em uma anunciação. Era, sem dúvida, um guarda com uma lanterna na mão. Por via das dúvidas, tinha o lago entre nós, então isso me dava confiança. Saí da minha toca e caminhei até a margem do meu lado, ficando frente à frente com a coisa, laguinho no meio. Levantei a mão em um aceno, pensando que talvez o guarda não conseguisse me enxergar, pois a claridade do amanhecer ainda era pouca.

O que vi na sequência me assombra até hoje. Não era guarda coisa nenhuma. Era um boitatá e dos grandes! O bicho me viu e, para meu pavor, desembestou na minha direção POR DENTRO DO LAGO. Não afundava, rastejava sobre a água. E a luz que eu via era a cabeça do monstro. Não cogitei perder nem mais um milésimo de segundo tentando entender melhor aquela coisa, dei meia volta e corri como quem corre do diabo (talvez o boitatá seja até pior que o capeta). Fui pelo meio do mato na certeza de conseguir chegar a algum portão de saída. Olhava para trás de vez em quando para ver se tinha despistado o tinhoso, mas ele me perseguia incansável, cada vez mais perto. Cheguei na cerca da borda do Ibirapuera e comecei a percorrer sua extensão, correndo o máximo que conseguia, procurando uma abertura. Eu estava sem fôlego, em pânico, olhava e o bicho sempre atrás. Finalmente, encontrei uma parte da cerca danificada, que me permitiu passar para o lado de fora. Sem vacilar, cruzei a avenida República do Líbano e fui singrando as ruas seguintes, tentando encontrar por instinto a direção de casa. Quadra após quadra correndo sem parar, virando à direita, à esquerda, tudo para despistar aquela criatura com a qual já tinha tido contato há muitos anos, quando criança, em um sítio de meus avós. De vez em quando eu olhava para trás e tinha a impressão de ainda vê-la atrás de algum carro estacionado, espreitando para me tornar uma presa de seus inimagináveis intentos diabólicos.

Quando cheguei ao meu edifício, o porteiro se assustou com minha aparência suada, assustada e pálida, quase não abriu a porta. Cheguei em meu apartamento e me tranquei.

Levei semanas para conseguir dormir sem uso de remédios. Mesmo depois de anos, de vez em quando ainda tenho pesadelos. Nunca mais andei a pé por São Paulo à noite.

Esses dias, contando essa história traumática a amigos ali no Beer Street, na Goethe, em Porto Alegre, ainda tive que escutar: tu tá louco meu, onde já se viu boitatá fora do Rio Grande do Sul?

No Ibirapuera tem. E te digo, velho, aquele é maior do que o que vi no Central Park, nas férias ano passado.









terça-feira, 22 de março de 2016

Os americanos se preocupam com crowdfunding para a coisa pública!

Li uma matéria muito interessante na Wired: o autor demonstra que os americanos devem se preocupar com o que parece ser uma tendência lá no país deles, o crowdfunding aplicado à coisa pública.

Vamos às definições então.
Financiamento coletivo (crowdfunding) consiste na obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo através da agregação de múltiplas fontes de financiamento, em geral pessoas físicas interessadas na iniciativa.[1] O termo é muitas vezes usado para descrever especificamente ações na Internet com o objetivo de arrecadar dinheiro para artistas, jornalismo cidadão,[2] pequenos negócios e start-upscampanhas políticas, iniciativas de software livrefilantropia e ajuda a regiões atingidas por desastres, entre outros. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Financiamento_coletivo)

O artigo do Peter Moskowitz prossegue. Um professor de uma pequena escola pública iniciou uma campanha de crowdfunding pela Internet para angariar dinheiro para... para... PARA? Pasmem: compra de papel, lápis e material escolar para os alunos. O autor fala de outros casos em que o financiamento coletivo está sendo usado como alternativa nas questões onde o Estado está omisso. E isso, segundo ele, é preocupante, na medida em que incentiva a negligência do governo em áreas essenciais. E vai além: se a moda pega, não seria difícil imaginar um futuro em que dólares de pessoas físicas é que determinem a prioridade nos investimentos em saúde, educação e segurança.
Ora, ora, ora... está aí um ponto (talvez o único) em que infelizmente podemos dizer que estamos décadas à frente deles. Quem nunca foi solicitado a dar ajuda financeira a uma escola, creche ou hospital público? E o posto de saúde do bairro, que não tem material para os atendimentos, então a comunidade se mobiliza para ajudar? E o guarda da sua rua, que todos os vizinhos pagam? O que é isso senão um financiamento coletivo privado para dar as soluções que o Estado não traz? Fazemos isso há décadas e nem nos damos conta da gravidade dessa cultura.

Leia o artigo todo em: http://www.wired.com/2016/03/crowdfunding-is-evil/





Ótimas orientações para quem quer começar uma loja virtual.

Achei excelentes as dicas do artigo a seguir, compartilho aqui.
(fonte: www.baguete.com.br)



Como montar uma loja virtual com pouco dinheiro?

Márcio Eugênio // sábado, 05/03/2016 09:00
Essa pergunta é feita por muita gente que quer começar no ramo do e-commerce, como montar uma loja virtual com pouco dinheiro? Bom, primeiro vamos definir quanto é o seu pouco dinheiro. Você tem R$5 mil para investir, tem mais, tem menos? Ou você não tem nada para investir? Pouco dinheiro é algo bem relativo. Você só vai saber o que consegue fazer com seu pouco dinheiro quando souber quanto é o seu pouco.
Antes de começar qualquer tipo de negócio você precisa decidir qual produto vai vender, e não se toma esse tipo decisão como se escolhe o sabor do sorvete.
Você precisa estudar o mercado, descobrir o que as pessoas querem comprar, o que dá lucro e o que você gosta de fazer. Eu costumo dizer que o nicho de mercado ideial é um ponto em comum entre os três itens que citei. No vídeo abaixo eu explico melhor a teoria, assista.
Bom, depois do nicho de mercado escolhido, você vai separar o seu pouco dinheiro em produtos, plataforma e divulgação da loja. Mas se o seu dinheiro for muito, mas muito pouco mesmo, opte por vender seus produtos em algum marketplace, como Mercado Livre, Enjoei ou Rakuten e use plataformas gratuitas, como LikeStore ou Loja Integrada. Não recomendo o uso de Magento ou outras plataformas de código livre, a menos que você seja programador. Se você está com pouco dinheiro, não vai sobrar para pagar o programador. Vendendo seus produtos através de algum marketplace você paga uma taxa sobre cada venda, ou seja, você só paga se vender, se não vender não paga nada. Quando você contrata uma plataforma, os pagamentos são mensais, independente de quantas vendas você teve no mês. Se você acha que o seu pouco dinheiro não é tão pouco assim e dá para contratar uma plataforma, leve em consideração que seu e-commerce vai demorar alguns meses para se pagar.

Ou seja, não considere que no mês seguinte você conseguir pagar a mensalidade com o dinheiro das vendas. Talvez demore meses ou até um ano para você conseguir pagar as contas com seu lucro. Porque o dinheiro arrecado também paga os produtos vendidos, despesas de postagens dos produtos e gastos como luz, internet, e telefone. Como você tem pouco dinheiro o ideal é começar na sala ou no cantinho da garagem da sua própria casa.
Pagar aluguel de uma sala comercial é algo que você deve fazer quando já estiver com vendas constantes na loja virtual. Quem tem loja física, talvez só precise dedicar um funcionário para cuidar da loja virtual, e usar o mesmo, estoque, luz, internet e computador. Quando se inicia um e-commerce com pouco dinheiro, pode-se abrir mão de algumas coisas, como um escritório, uma plataforma própria.
Agora existem duas coisas das quais você não pode abrir mão, os produtos e a divulgação da loja. Nenhuma loja virtual faz vendas se não anunciar. As pessoas não sonham com a sua loja virtual e acordam no dia seguinte para ir lá e comprar. Para que você tenha vendas seu e-commerce precisa ter visitantes. Sim, você pode fazer anúncios no Google, mas certifique-se de que você sabe como fazer isso.


Um anúncio sem propósito e planejado de forma de indevida não traz os resultados esperados, nem adianta colocar a culpa no Google. Mas antes de qualquer anúncio pesquise onde está o público do seu produto. Para ser encontrado no Google sem pagar nada trabalhe o SEO da sua loja virtual. Isso serve tanto para quem tem pouco dinheiro, pouquíssimo. Para quem tem pouco dinheiro, nem tão pouco assim.
Sim, o texto ficou um pouco genérico, porque não tem como saber quanto é o seu pouco dinheiro. Talvez o que você tem disponível para investir não dê para começar uma loja virtual com 200 produtos, mas e porque não começar com 30 produtos? Porém existe a possibilidade do seu pouco dinheiro conseguir sustentar a loja por seis meses, então porque não segurar uns gastos para tentar sustentar a loja por um ano?
Não é a plataforma mais cara que vai fazer vendas na sua loja virtual, não é o anúncio mais caro que vai trazer visitantes para o seu site. Use as estratégias a seu favor, administre seu dinheiro com carinho. Você pode saber mais sobre Como Vender Pela Internet nas dicas deste post . Assim você vai ver tudo que precisa ajustar antes de colocar a loja virtual no ar.
Não é impossível ter uma loja virtual com pouco dinheiro, você precisa apenas fazer investimentos com cautela, analisar o que é essencial no início e o que pode ser implantado depois. Tem muita loja virtual de sucesso que iniciou suas vendas no Mercado Livre, se deu certo com eles, pode dar certo com você também. A única coisa que pode te impedir, é montar uma loja virtual é pouca vontade, ou pouca dedicação. Essas são as empresas que não duram nem 6 meses no mercado.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Stanford tem bolsas para curso em SP

Júlia Merker // segunda, 21/03/2016 10:32
A universidade norte-americana de Stanford oferece quatro bolsas de estudos para a segunda edição do Stanford Ignite, programa de empreendedorismo e inovação que será realizado em São Paulo.
A universidade de Stanford oferece bolsas para a segunda edição do Stanford Ignite. Foto: LindaCicero/StandorfNews.

O curso acontece entre 5 de agosto e 16 de outubro na sede da Microsoft. As bolsas oferecidas cobrem 50% do valor do curso, de US$ 10 mil.
Criado em 2006 no campus de Stanford, o programa já atingiu cidades como Santiago, Nova York, Pequim e Londres. Na primeira edição brasileira, em 2015, a iniciativa formou 40 pesquisadores. 
O curso é focado em estudantes matriculados em cursos de PhD, MD, pós-doutorado ou mestrado e profissionais com experiência técnica, mas sem relação com a área dos negócios.
"Procuramos pessoas que tenham uma ideia de negócio mas não tem a formação e base para botá-la em prática", afirma o diretor acadêmico do Stanford Ignite na América Latina, Jonathan Levav.
No curso, os alunos terão contato com noções de marketing, contabilidade, finanças, empreendedorismo, estratégia, entre outras áreas. O projeto tem encontros presenciais com professores de Stanford que vem ao Brasil e aulas à distância com outros docentes da universidade.
Até 50 candidatos serão selecionados para a turma de 2016. O processo seletivo tem uma inscrição online, análise de currículo e entrevista presencial. As inscrições podem ser feitas no site do curso.

Fonte: http://www.baguete.com.br/noticias/21/03/2016/stanford-tem-bolsas-para-curso-em-sp


Automação residencial: no Brasil ao menos, ainda não decolou.

Outro tema que é promessa de futuro há anos é a automação residencial. Aqui não decola. As pessoas não sabem nem exatamente o que é isso. Confundem sistema de segurança e rede wireless com automação.

Existem dois extremos no espectro, neste mercado: de um lado uma proposta para automatizar tudo em uma casa. Controle total. De luzes e cortinas a alimentadores de cães e irrigadores de jardins. Do outro lado, temos projetos arquitetônicos de residências que mal fazem previsão de uma rede elétrica decente.

Entre essas duas realidades, há um gap importante. Faltam projetos que contemplem um conjunto mínimo de infraestruturas adequadas a eventuais futuras instalações de:

- uma maior diversidade de eletrodomésticos com conectividade
- alarmes, câmeras e controles de acesso
- redes sem fio em camadas
- automação

O que vemos hoje são casas projetadas para ser bonitas e funcionais. Porém, por economia ou por cultura, os arquitetos não dão importância à parte tecnológica do projeto. Resultado: sobra para o dono fazer as detestáveis adaptações, com tubulações aparentes, quebras de piso e outras reformas caras, inconvenientes e evitáveis.

Uma infraestrutura de redes elétricas e lógicas bem planejada sai barato, é um percentual ínfimo da obra. E vale muito a pena.

(imagem retirada de www.wayhouse.com.br)