terça-feira, 29 de março de 2016

Entrevista com o jovem cientista Luiz "Hendrix" Hendrischky

O jovem cientista Luiz Guilherme Hendrischky, 23 anos, nascido no Rio de Janeiro e residente em São Leopoldo há 8 anos, torcedor do Flamengo, tem um sonho: ver sua área, a biomedicina, bombar no Brasil.

Ele conquistou a oportunidade de estudar durante 18 meses na State University of New York at Plattsburgh, NY e na Harvard Medical Schools em Boston, MA, pelo programa Ciência sem Fronteiras, no ano de 2014.

A seguir entrevista que ele gentilmente concedeu a este blog, compartilhando um pouco dessa experiência fantástica que viveu.


Blog: Com relação à tua experiência de estudar em outro país, o que mais te chamou a atenção na cultura dos estudantes estadunidenses? Como eles pensam com relação ao futuro?

Luiz Guilherme: Os estudantes norte-americanos possuem uma mentalidade totalmente diferente da que vemos nos estudantes brasileiros. Desde pequeno eles sofrem "pressão" para serem bem-sucedidos arrumando bons empregos. Muitas pessoas não sabem, mas para um americano conseguir uma vaga em uma universidade é sempre uma grande vitória. O porquê disso é que não existe ensino superior público! Todas as universidades são pagas. Então, desde pequeno a família faz uma poupança para quando chegar a hora de o filho entrar no ensino superior. A maioria dos americanos que conheci foca todos os esforços em arrumar um emprego ao se formarem. É um pouco difícil ver pessoas que pretendem fazer Mestrado/Doutorado; na maioria das vezes, essa opção só se torna disponível quando eles não conseguem emprego (e também não é garantido que eles consigam entrar em um programa de PhD, em que há uma seleção muito rigorosa). Essa "fome" de conseguir um emprego foi o que mais me chamou atenção na cultura dos estudantes.

Blog: Na tua visão, o que a nossa sociedade tem a aprender com a dos Estados Unidos? E o que nós temos a ensiná-los como sociedade?

Luiz Guilherme: A sociedade americana é, na maioria das vezes, fria em relação a contatos pessoais. Eles são reservados, gostam de ficar com a família e pessoas mais próximas. Talvez venha daí a fama de que o americano é "seco". Mas é cultural, devemos respeitar! Agora, o que eles têm de "secos", eles têm de EDUCADOS. Eles sabem falar "por favor", "desculpa", com licença"... às vezes até demais! As ruas são limpas, as estradas asfaltadas e tudo funciona. O que precisamos aprender com os EUA é fazer com que o nosso sistema (governo, prefeituras, políticos etc.) funcione. Que as leis sejam aplicadas em todas as situações, que os políticos não sejam corrompidos e criem projetos para melhorar o país, que tenha investimento em todos os níveis do Brasil. A gente precisa de um país produtivo e de um povo que consiga os seus direitos básicos sem se preocupar. Talvez o que nós podemos ensiná-los como sociedade é lembrá-los de que existe um mundo fora dos EUA. A maioria não sabe da existência de outros lugares (não há muito interesse), deveriam se interessar um pouco mais por outros países. 

Blog: O que tu gostarias de ter sabido ANTES de ter ido estudar no exterior? Que diferença teria feito?

Luiz Guilherme: Que eu seria TOTALMENTE INDEPENDENTE, que não deveria contar com a ajuda de ninguém se precisasse. Talvez teria me preparado mais psicologicamente para viver sozinho. Mas isso teve os seus pontos positivos: consegui me virar com todos os problemas que apareceram e amadureci muito.

Blog: Como está o mercado brasileiro na tua área e quais as perspectivas?

Luiz Guilherme: O mercado brasileiro na Biomedicina está crescendo. A profissão possui mais de 35 áreas diferentes de atuação, basta escolher o caminho mais adequado para cada um. Pretendo seguir na área de pesquisa e, infelizmente, não está muito promissor. As bolsas são baixas e o investimento também! Espero que isso mude com o tempo. Temos incríveis cientistas no Brasil, eles só precisam de INVESTIMENTO para conseguirem produzir. Meu objetivo é fazer meu Doutorado nos EUA, de preferência em Harvard.

Blog: Como tu comparas Brasil e Estados Unidos, no teu campo?

Luiz Guilherme: Para minha área, ir para os EUA é o sonho da maioria. Lá você encontra os melhores laboratórios, muito investimento (inclusive de empresas privadas) e as tecnologias mais novas. Sem dúvidas, lá é extremamente superior ao Brasil.

Blog: Na tua visão, onde devem ser feitos investimentos para que o Brasil seja uma referência mundial no campo da biomedicina?

Luiz Guilherme: Precisamos de investimento em todas as bases da ciência brasileira. O que me fascina na Biomedicina é que podemos trabalhar em várias áreas e com diferentes profissionais. Acredito que se houver investimento para todos que fazem ciência, a classe inteira irá se beneficiar e, assim, poderá haver troca de conhecimento, de técnicas e ajuda.

Blog: Comentários finais, se quiseres.

Luiz Guilherme: Gostaria de agradecer a você, Armando, por me entrevistar. Gostei muito de responder todas as perguntas! E convido todos à conhecerem meu canal no YouTube, "Luiz Hendrix" (www.youtube.com/luizhendrix).


Outros meios de conferir a presença digital do Luiz Guilherme:
www.facebook.com/hendrixluiz
www.facebook.com/VidaDeBiomedico



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